sexta-feira, 20 de março de 2009

Retalhos de um cotidiano

Por Laura Ferreira e Quercia Oliveira
Fotos de Quercia Oliveira


Marias e Josés, ora transeuntes, ora vendedores, compõem e singularizam o cenário do Camelódromo Dois de Julho de Juazeiro-ba.


Enquanto dona Maria reclama da demora do fiscal da prefeitura em marcar, à tinta, o seu espaço, seu José afirma que não pode esperar, traz a tinta de casa e demarca o quadrado de sua barraquinha , a contragosto do fiscal que chega pra reclamar o pagamento antecipado.

Assim vai se fazendo um retrato de antigos e novos trabalhadores que estão sujeitos a novas regras de administração. A cada mudança de gestor municipal o camelódromo ganha novas configurações. O povo, no entanto, é o mesmo, a mesma necessidade, o mesmo trabalho árduo de cada dia.

Dona Luzia, que está aqui há mais de vinte anos, conhece todo o centro como a palma de sua mão. “Sai prefeito e entra prefeito e eu aqui, minha fia, na luta”, nos conta D. Luzia que faz da sua história um pedacinho da história do centro e do terminal de Juazeiro.


Já Pedrinho, que vem lá do João Paulo Segundo, ganhou a poucas semanas o seu quadrado para revender bonés, relógios, carteiras, capinhas de celular e outros artigos que enchem de cores o caminho de quem passa, muitas vezes apressado, pelo Camelódromo.


Passe! Passe! Passe! Gritam homes e mulheres cujas ordens nos parecem confusas. Estariam pedindo-nos que déssemos passagem? São tantos carrinhos, tantas pessoas, tantos vai e vem! Não, eles estão vendendo vale-transporte para o ônibus das sete.

Pra casa, pra faculdade, pro trabalho,atrasado ou quase perdendo o coletivo, as pessoas que transitam pelo Terminal urbano têm no Camelódromo a referencia da diversidade do Centro de Juazeiro. À alguns metros do carrinho de picolé, Juliana combina com a amiga pelo celular: “te espero no Camelódromo”.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Como se vê o Centro





Por: Juciana Cavalcante



Promovida ao título de cidade em julho de 1878, Juazeiro se desenvolveu a longos passos em termos de população e hoje o número de habitantes chega à aproximada 230 mil, concentrando em seus bairros as mais representativas expressões de um povo ribeirinho e tipicamente baiano.
Como toda cidade, não poderia ser diferente em Juazeiro a concentração de lojas, pizzarias, órgãos públicos, clínicas, empresas se aglomerariam em um lugar, a esse se usa o nome de Centro da cidade. Aqui o desenvolvimento segundo moradores veio a passos lentos, construção dia-a-dia.
Aos poucos o que servia de lagoa, de mata originária, deu espaço aos inúmeros prédios, abraçando o coração da cidade: o comércio que aos poucos e até hoje continua a se configurar movendo a sociedade e sendo geradora de renda para a população.
O centro de Juazeiro, diferente dos bairros comuns não tem uma representação e sua construção física e estrutural enquanto sociedade apresenta o inverso dos demais, poucos moradores, muitas empresas e casas comerciais, as relações são estabelecidas de modo atípico.
O grande fluxo de pessoas encontrado durante o dia estabelece uma relação de necessidade com o centro, sendo o espaço que detém a maior quantidade de empregos, diariamente milhares de pessoas migram para lá a fim de realizarem suas atividades, após voltam a seus devidos lares em bairros diferentes.
Contribuições multiculturais dentro de uma mesma cidade, o Centro se configura então, como o espaço acolhedor onde giram a principal economia da cidade e as principais atividades de lazer. As noites de final de semana recebem em bares, pizzarias, outras tantas pessoas a procura de descontração.
Contribuinte e recebedor ao mesmo tempo, as poucas pessoas que habitam o centro, mais reservadas aos seus lares e atividades são um pedaço do coração da grande concentração da principal economia de uma cidade. São os habitantes do Centro.